Você tem fome de quê? Você tem sede de quê? A gente não quer só comida… Hoje me inspirei ao refletir sobre um tipo de gratidão elementar, básica, cotidiana… a gratidão alimentar. Acordar, comer, trabalhar, comer de novo, descansar, trabalhar, comer outra vez, descansar… no corre-corre do nosso dia-a-dia nem sempre paramos para pensar na gratidão quanto a nossa alimentação. Isso inclui priorizar a escolha de alimentos mais saudáveis do ponto de vista nutricional, buscar uma dieta balanceada, variedade de alimentos e, sobretudo, a reflexão quanto a importância de sermos capazes de processar tudo isso!!!
Algumas pessoas que sofrem de privações alimentares, seja por restrição médica imposta, no caso de obesidade ou problemas específicos como colesterol alto e diabetes, bem sabem o quanto simboliza esse momento considerado muito simples para a grande maioria das pessoas… Particularmente tenho intolerância à lactose, desde a infância e, sem exagero algum, minha mãe diz que o que me salvou quando nasci foi o Leite Ninho… assim, não posso deixar de expressar aqui a minha eterna gratidão à Nestlé, por essa assistência incomensurável… risos.
Em 2007 tive uma alergia generalizada em função de negligência aliementar e fui forçada a rever tudo… resgatei essa questão da intolerância à lactose… foram 29 anos com overdose de ingratidão alimentar. Esquecimento? Insaciabilidade? Éééé… Nunca imaginei que uma mudança alimentar pudesse repercutir tanto em toda minha vida. Passei a administrar uma dieta mais rigorosa, e isso melhorou substancialmente a alergia.
Pensar em alimentação saudável deixou de ser um desejo apenas, era uma necessidade. O corpo tem limites… bem claros e definidos, alguns inclusive com influência genética. Sou grata por reconhecer à tempo que a alimentação vai além do prazer efêmero, do consumismo insaciável imediato, do quero porque quero… Alimentação saudável é expressão de auto-amor, auto-estima… alimentação desregulada é sinônimo de auto-desprezo, auto-destruição…
Proponho pensarmos no quanto dedicamos tempo e energias refletindo sobre o papel da alimentação nas nossas vidas, em ser grato por processar corretamente os alimentos, por não usar sondas para se alimentar, por poder preparar os alimentos, quando não cultivá-los ao natural. Saber conviver com as limitações, as privações é um segredo importante. Em tudo na vida há aprendizados explícitos e implícitos… por detrás de uma falta, existem farturas carentes de apreciação.
Mais uma vez a hipótese da gratidão emergir em contextos críticos faz sentido… Pessoas que passaram momentos de privação alimentar em suas vidas (fome), costumam ser mais gratas a alimentação, evitando, por exemplo, desperdícios. Outras tantas que nunca estiveram sob restrições, tendem a desperdiçar, esbanjar e gastar inutilmente, o que não lhes impõe falta. E há aqueles que, felizmente, aprenderam, mais cedo ou mais tarde, a valorizar a alimentação, de modo a sentir uma espécie de gratidão incondicional.
Na dieta da gratidão, você, leitor, reconhece, expressa e retribui ao seu corpo físico o carinho, o amor e a estima por ele servir diuturnamente aos seus propósitos de vida? Você consegue sentir gratidão pelos alimentos que consome?